sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O cavalo de Turim (A torinói ló), de Béla Tarr

"Em Turim, em 3 de janeiro de 1889, Friedrich Nietzsche sai do imóvel da Via Carlo Albert, número 6. Não muito longe dali, o condutor de uma carruagem de aluguel está tendo problemas com um cavalo teimoso. O cavalo se recusa a sair do lugar, o que faz com que o condutor, apressado, perca a paciência e comece a chicoteá-lo. Nietzsche aparece no meio da multidão e põe fim à cena brutal, abraçando o pescoço do animal, em prantos. De volta à sua casa, Nietzsche então permanece imóvel e em silêncio durante dois dias estendido em um sofá, até que pronuncia as definitivas palavras finais ("Mãe, eu sou um idiota") e vive por mais dez anos, mudo e demente, sendo cuidado por sua mãe e suas irmãs. Não se sabe que fim levou o cavalo".

Logo após esta narração, acompanhamos a vida do condutor e sua filha que vivem isolados, longe da humanidade, com apenas a natureza em sua volta.

Um filme sensorial e intimista, que sem muito esforço, nos coloca dentro da narrativa, onde cada movimento, cada barulho é captado por nós de forma intensa e sensitiva.

Ao longo de seis dias entramos na vida monótona e simples do condutor e sua filha e também do cavalo presente na confusão inicial e a impressão que fica é que, assim como o animal que está definhando no celeiro, os dois apenas esperam o momento em que irão definhar também.

Durante a exibição fiquei na dúvida se era o condutor ou Nietzsche que acompanhávamos. No entanto, a vida dele é uma relação com a última fase do pensador, a demência. Além disso, os pouquíssimos diálogos presentes  referenciam a mudez de Nietzsche.

Outro fator importante (talvez o mais) a destacar é a presença da natureza. Os ruídos dos ventos insaciáveis, a falta d’água, frio, o cavalo e até mesmo o Homem são exemplos da complexidade e importância que o 
diretor dá e aexaltece.

Com planos longuíssimos (zzZZz...), porém belos, característicos do diretor, Cavalo de Turim é uma obra em que somos obrigado a entrar de cabeça e alma na vida dos  personagens.Conseguindo isso, entraremos numa experiência sensorial e bela.

O filme ganhou o Urso de prata  no festival de Berlim em 2011 e é o candidato da Hungria a representá-la no 
Oscar 2012.




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